HOLDING RURAL E AGRICULTURA FAMILIAR: UMA ESTRATÉGIA DE SUCESSÃO E PROTEÇÃO PATRIMONIAL
A agricultura familiar tem um papel central na agropecuária brasileira. Segundo o Censo Agropecuário de 2019 do IBGE, 77% dos estabelecimentos rurais são familiares. Eles empregam mais de 10 milhões de pessoas e geraram R$ 131,7 bilhões em valor bruto de produção.
Dada essa magnitude, um planejamento adequado para a sucessão e gestão patrimonial se torna essencial, e é aqui que entra a Holding Rural.
Sucessão na Agricultura Familiar
Na agricultura familiar, muitas propriedades são marcadas pela presença de uma figura central, seja um patriarca ou uma matriarca, que liderou os esforços iniciais de estabelecimento e crescimento do negócio.
A ligação emocional e histórica que esses líderes possuem com a terra e o empreendimento é intensa, e muitas vezes, essa relação é percebida como uma extensão de sua própria identidade. Contudo, à medida que o tempo avança, surge a inevitável questão da sucessão.
A transferência de responsabilidades e propriedade é um processo delicado, que se não for adequadamente planejado, pode resultar em conflitos, ineficiências e até mesmo na desintegração do negócio. Por isso, é vital que o processo de sucessão na agricultura familiar seja abordado de forma proativa e estruturada.
Reconhecendo que a gestão e propriedade da terra não são apenas uma questão comercial, mas também emocional, é essencial envolver todas as partes interessadas no diálogo e decisão.
Um dos principais desafios na sucessão familiar é a resistência à mudança. A figura líder, muitas vezes, hesita em passar o controle por sentir que ninguém pode administrar a propriedade tão bem quanto ela. Além disso, a nova geração pode ter visões diferentes sobre o futuro da fazenda, buscando inovações ou diversificações que podem entrar em conflito com as tradições estabelecidas.
Além disso, questões de divisão equitativa de ativos entre herdeiros podem surgir, levando a potenciais disputas.
Apesar dos desafios, a sucessão na agricultura familiar também oferece oportunidades. A nova geração, muitas vezes, traz consigo novas habilidades, conhecimentos e perspectivas que podem rejuvenescer e inovar o negócio. A integração de tecnologias modernas, práticas sustentáveis e abertura para novos mercados são apenas algumas das possíveis contribuições que a nova liderança pode oferecer.
Para garantir uma transição bem-sucedida, é importante investir na capacitação e preparo da nova geração. Isso não se refere apenas a habilidades técnicas agrícolas, mas também à gestão, finanças e resolução de conflitos. Ao fortalecer a capacidade da nova geração, aumenta-se a probabilidade de continuidade e sucesso do empreendimento familiar.
À medida que a agricultura familiar enfrenta os desafios da sucessão, torna-se evidente a necessidade de estratégias robustas que garantam a continuidade e a prosperidade do negócio. A complexidade dessa transição exige ferramentas e mecanismos que ajudem a proteger o patrimônio familiar, a garantir uma sucessão sem conflitos e a assegurar a sustentabilidade financeira do empreendimento. Nesse contexto, surge a “Holding Rural” como uma solução estratégica, oferecendo uma abordagem integrada e estruturada para o futuro.
A Holding Rural como Ferramenta de Sucessão
A Holding Rural é uma empresa criada para controlar o patrimônio de uma família. Ao incorporar propriedades e ativos na holding, os bens são protegidos e a gestão centralizada, facilitando o processo de sucessão.
A holding permite a divisão clara do patrimônio entre os herdeiros através da doação de cotas sociais, assegurando a continuidade do negócio.
Além disto, a holding protege os bens contra possíveis dívidas ou obrigações, e oferece mecanismos adicionais como pactos antenupciais e regras de doação com reserva de usufruto.
A Holding Rural pode oferecer vantagens fiscais significativas. Enquanto a tributação sobre rendimentos para pessoas físicas é de 27,5%, para holdings é de 12,8%. Além disso, na venda de imóveis, pessoas físicas são tributadas entre 15% e 22,5% sobre ganho de capital, enquanto holdings têm uma taxa média de 6,7%.
Com uma visão global do patrimônio, a holding promove uma gestão mais profissional, evitando conflitos e garantindo a continuidade do negócio.
Alternativas a Holding
A Holding Rural é uma ferramenta poderosa, mas existem outras estratégias que podem ser aplicadas no planejamento sucessório, como doações com usufruto, elaboração de testamentos, e acordos entre sócios ou acionistas. A melhor estratégia depende das particularidades de cada família e propriedade.
Conclusão
O sucesso da agricultura familiar no Brasil evidencia a necessidade de planejamento sucessório e proteção patrimonial. A Holding Rural surge como uma estratégia robusta para enfrentar esses desafios, garantindo a prosperidade e continuidade do negócio. Contudo, para implementar essa estratégia de forma eficaz, é fundamental contar com o apoio de profissionais especializados, capazes de compreender a dinâmica familiar e os desafios do agronegócio.