PARÁBOLA DA ÁRVORE E SEUS FRUTOS

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Parábola da Árvore e seus Frutos

As parábolas de Jesus são tesouros de sabedoria, cada uma delas uma janela aberta para verdades profundas sobre a humanidade e a divindade. Entre essas, a Parábola da Árvore e seus Frutos, encontrada nos Evangelhos de Mateus (7:16-20) e Lucas (6:43-45), se destaca como um convite à introspecção, reflexão, entendimento e ao discernimento.

A Parábola

A Parábola da Árvore e Seus Frutos é um ensinamento profundo de Jesus que aparece nos Evangelhos de Mateus e Lucas. Jesus usa a metáfora de uma árvore para ilustrar como o caráter e a integridade de uma pessoa são revelados por suas ações. A passagem bíblica é a seguinte:

Evangelho de Mateus 7:15-20 (NVI)

“15. Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores.

16. Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas?

17. Da mesma forma, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins.

18. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons.

19. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo.
20. Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão.”

Evangelho de Lucas 6:43-45 (NVI)

“43. Nenhuma árvore boa dá fruto ruim, nenhuma árvore ruim dá fruto bom.

44. Toda árvore é reconhecida por seu fruto. Ninguém colhe figos de espinheiros, nem uvas de ervas daninhas.

45. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mau tesouro que está em seu coração, pois a boca fala do que está cheio o coração.”

Nesta passagem, Jesus alerta seus seguidores sobre os falsos profetas que aparentam ser bondosos, mas cujas ações revelam intenções diferentes. Ele usa essa imagem familiar para explicar que o verdadeiro caráter de alguém se revela em suas atitudes, assim como uma árvore boa produz bons frutos, uma árvore má, produz frutos ruins.

Nos contextos antigos, a metáfora da árvore e seus frutos teria ressoado fortemente com o público de Jesus, que vivia em uma sociedade agrária onde o conhecimento sobre o cultivo de árvores frutíferas era comum. Esse simbolismo estava também presente na tradição judaica, que frequentemente usava árvores para descrever o caráter humano e a justiça. Em Jeremias 17:7-8 e Salmos 1:3, por exemplo, o justo é comparado a uma árvore plantada junto a ribeiros de água, que dá fruto na estação própria e cujas folhas não murcham.

No tempo de Jesus, essa parábola era uma crítica direta a líderes religiosos hipócritas, que diziam seguir a lei, mas cujas ações eram contrárias à justiça e ao amor ao próximo.

Os fariseus e saduceus, por exemplo, são frequentemente mencionados nos Evangelhos como exemplos de pessoas que aparentavam piedade, mas cujas “frutos” – ou ações – revelavam um descompasso com a verdadeira vontade de Deus.

Portanto, a mensagem era clara para aqueles que ouviam: é impossível que uma árvore boa produza frutos ruins, assim como é impossível que uma árvore má produza bons frutos.

Falsos Profetas

Na época de Jesus, os falsos profetas eram figuras que, sob o manto da religiosidade, distorciam os ensinamentos divinos para atender a interesses pessoais ou políticos. Muitas vezes, esses líderes religiosos aparentavam piedade, mas estavam profundamente desconectados dos princípios do amor e da compaixão ensinados por Deus.

Fariseus e saduceus, por exemplo, interpretavam a Lei com rigor, mas negligenciavam seu espírito; enfatizavam a observância externa, enquanto ignoravam a transformação interna. Jesus os criticava veementemente, alertando seus seguidores para que se guiassem pelos “frutos” dessas pessoas, pois eram os atos, e não as palavras, que revelavam a verdadeira essência de alguém.

Hoje, os falsos profetas se manifestam de maneiras similares, mas adaptadas aos tempos modernos. Eles podem aparecer em forma de líderes religiosos que promovem uma imagem de piedade, mas cujas ações refletem egoísmo, manipulação ou busca por poder.

Ainda encontramos aqueles que ensinam uma visão de Deus punitivo e distante, desprovido de amor, distorcendo a compreensão divina e promovendo o medo. Ao contrário da mensagem de Jesus, que ressaltava um Deus acessível, amoroso e compassivo, esses ensinamentos levam as pessoas a se afastarem da verdadeira experiência de Deus, que é acessível e está dentro de nós.

Uma interpretação distorcida dos ensinamentos de Deus é a essência do falso profetismo, especialmente quando ela se desvia da verdade fundamental de que Deus é amor.

Deus não é um ser que penaliza, mas uma presença de amor incondicional, que habita em cada um de nós e que podemos acessar a qualquer momento. Quando alguém ensina o contrário, proclamando que Deus é vingativo ou inacessível, ele se afasta dessa verdade divina.

A imagem de Deus como um ser amoroso e presente, que não nos julga, mas nos acolhe, é uma visão que nos conecta com nossa essência espiritual e nos guia para uma vida em harmonia.

No mundo contemporâneo, falsos profetas também se encontram fora das instituições religiosas. Em uma sociedade marcada pela imagem e pela superficialidade, muitos se apresentam como mestres espirituais ou influenciadores, mas promovem ensinamentos que incentivam o apego ao material e à busca incessante por aprovação externa. Eles desviam as pessoas do caminho espiritual ao priorizar a satisfação egoísta e a competição, em vez de incentivar a busca interna pelo amor e pela verdade. Dessa forma, eles se distanciam da visão de Deus que Jesus ensinou, onde o Reino de Deus não é material, mas uma realidade interna que nos conecta com o Todo.

Assim, a busca por discernimento se faz necessária, tanto ontem quanto hoje. Os falsos profetas são aqueles que, de qualquer maneira, afastam as pessoas da verdade de que somos feitos à imagem e semelhança de Deus, destinados a viver no amor.

O desafio está em cultivar uma espiritualidade baseada na compaixão, no respeito e na busca genuína por uma vida alinhada com a essência divina. Ao nos mantermos firmes na convicção de que Deus é amor, acessível e presente em nós, somos capazes de identificar aqueles que, sob a aparência de mestres, nos afastam do verdadeiro caminho espiritual e, assim, evitar sermos conduzidos ao erro.

Dos “Frutos”

“Por seus frutos os conhecereis.” Com essas palavras, Jesus nos ensina que as verdadeiras intenções e o caráter de uma pessoa são revelados através de suas ações.

Os frutos que uma pessoa produz são o reflexo mais autêntico de seu caráter e de sua espiritualidade.

No contexto dos ensinamentos de Jesus, os frutos representam as ações, comportamentos e escolhas que fazemos diariamente e que revelam a nossa essência. Assim como uma árvore boa dá frutos bons, uma pessoa que cultiva o amor, a compaixão e a humildade gerará atitudes positivas e construtivas. Esses frutos não são meramente ocasionais, eles são resultados de uma vida enraizada em valores profundos e duradouros, que refletem a presença de Deus em nós.

Para que nossos frutos sejam bons, é necessário um compromisso contínuo com o desenvolvimento interior. Bons frutos não surgem de uma árvore negligenciada, mas de uma árvore cuidada, nutrida e fortalecida. Da mesma forma, para que nossas ações reflitam o amor e a verdade de Deus, precisamos cultivar uma espiritualidade autêntica, baseada no autoconhecimento e na prática do bem.

É pelo impacto positivo que geramos ao nosso redor que podemos ser conhecidos como árvores boas, produzindo frutos que promovem a paz, a harmonia e o crescimento espiritual, tanto em nossa vida quanto na vida das pessoas com quem interagimos.

Os frutos de uma vida espiritual autêntica são mais do que ações isoladas, eles representam um estilo de vida coerente e consistente. Quando nossos pensamentos, palavras e atos estão alinhados com o amor de Deus, os frutos que produzimos naturalmente expressam virtudes como a generosidade, a empatia e o perdão.

Esses são os frutos que Jesus nos chama a produzir, pois é através deles que demonstramos a verdadeira compreensão de sua mensagem.

Ao buscar uma conexão profunda com Deus, nos tornamos canais de amor no mundo, e nossos frutos servem como testemunho da presença divina em nossa vida.

Discernimento

Discernimento é a capacidade de ver além das aparências, de reconhecer a verdade por trás das palavras e de avaliar a autenticidade dos frutos que uma pessoa produz.

Para identificar os falsos profetas, é essencial cultivar um olhar atento e uma mente aberta, que possam perceber quando alguém distorce os ensinamentos de Deus para atender a interesses pessoais ou disseminar ideias que geram medo e separação.

A verdade de Deus, que é amor e acessibilidade, se reflete nas ações de quem realmente vive de acordo com Seus ensinamentos. Esse discernimento, entretanto, não deve ser aplicado apenas ao que está fora de nós, mas também ao nosso próprio comportamento e às nossas escolhas.

Assim como somos chamados a observar os frutos dos outros, também precisamos avaliar os frutos que estamos produzindo na sociedade em que vivemos. Muitas vezes, sem perceber, podemos agir como falsos profetas, propagando ideias que não estão alinhadas com a verdadeira essência de Deus. Somos capazes de falar sobre Ele, mas essa responsabilidade traz consigo o dever de refletir se o que dizemos está de fato enraizado na compaixão, na humildade e na busca pela verdade.

Ao examinar nossos próprios frutos, podemos identificar áreas onde nossas ações ainda estão contaminadas pelo ego ou pelo desejo de autopromoção, nos afastando da pureza espiritual necessária para realmente acessar e compartilhar a presença de Deus.

Para falar de Deus, precisamos primeiro buscá-Lo dentro de nós mesmos, desapegando-nos das ilusões do ego. O ego nos impede de ouvir verdadeiramente a voz de Deus, pois cria uma barreira de ilusões e preocupações com o que é passageiro.

O processo de purificação espiritual exige humildade e um desejo sincero de transformar nosso ser. Não é um caminho fácil, pois requer que nos desapeguemos de nossas vaidades, que admitamos nossas falhas e que nos entreguemos ao processo de crescimento interior.

No entanto, ao abrir mão do ego, nos tornamos mais receptivos à orientação divina e mais capazes de expressar o verdadeiro amor e compaixão que são reflexos de Deus em nós.

Somente após essa purificação é que estamos prontos para compartilhar a mensagem de Deus com autenticidade e discernimento.

Quando permitimos que Deus fale por meio de nós, nossa própria vida se torna um testemunho de Sua presença, e nossos frutos passam a ser bons, dignos e verdadeiros.

Ao desenvolvermos o discernimento, conseguimos ver claramente a verdade por trás das palavras e ações, tanto em nós quanto nos outros. Assim, nos tornamos não apenas vigilantes contra os falsos profetas, mas também canais de luz e amor, que refletem a presença de Deus no mundo.

Conclusão

Em resumo, a Parábola da Árvore e Seus Frutos nos desafia a refletir sobre a autenticidade de nossa vida espiritual e de nossas ações. Tanto nos tempos de Jesus quanto hoje, somos chamados a usar o discernimento para identificar os falsos profetas e, igualmente importante, para examinar nossos próprios frutos.

É pelo impacto positivo e amoroso de nossas atitudes que revelamos nossa essência e nossa conexão com Deus.

À medida que buscamos uma vida enraizada na compaixão, na humildade e na verdade, nos tornamos reflexos autênticos do amor divino e evitamos propagar ensinamentos que se desviem da mensagem de Jesus.

Assim, ao nos desapegarmos do ego e cultivarmos uma espiritualidade genuína, nos transformamos em árvores que produzem bons frutos, capazes de inspirar e iluminar o mundo ao nosso redor.